Rayssa Romão Rodrigues, que treina seis dias por semana, de segunda a sábado, em torno de três horas. Faz treino de força e potência muscular na academia, treinos poliométricos, tiros (corridas), e específicos (educativos de salto e o salto em si), conta que começou no atletismo em julho de 2016, aos 13 anos, época esta em que seu irmão praticava a modalidade esportiva. Antes disso fez balé, basquete, natação, mas como seu pai era do atletismo e naquele momento estava sem fazer nenhum esporte, ele disse que a levaria para a pista. “Na época, lembro que eu odiava. Não queria fazer atletismo. Toda vez que ele falava eu chorava para não ir. Mas, dessa vez ele foi taxativo: ‘você vai porque está parada’. E me levou. Lembro que no primeiro dia, chorando, fiquei ali na pista sentadinha num banquinho e não treinei”, relembra a filha mais velha do técnico da APA TCPP/Semepp/Talento Olímpico (Associação Prudentina de Atletismo / Tênis Clube de Presidente Prudente / Secretaria Municipal de Esportes), Cremilson Julião Rodrigues.
O treinador, que não era o seu pai, Elton Queiroz, conhecido como Nenê, chegou até ela e a convidou para ir no dia seguinte e fazer um teste com ele. “Ele me falou: ‘se você gostar, continua, se não, tudo bem’. Fui e gostei um pouquinho. No outro dia já tinha gostado um pouco mais, e no próximo já queria ficar [risos]. Eu até fazia exercícios a mais, em casa, no sábado. Foi assim que comecei e fiquei com ele até o final de 2016”, recorda Rayssa.
No início de 2017, Rayssa já estava treinando com o seu pai, que a colocou em todas as provas para testar em qual ela se identificaria melhor. “Fiz todas as provas: de velocidade, barreira, saltos, as de arremesso, lançamento. E percebemos que eu estava indo muito bem na prova de velocidade, que na época era 75 e 250 metros [depois passou a ser 100 m e 200 m], e a prova do salto em distância. E hoje ainda faço os 100 m, mas treino especificamente para o salto em distância”, conta ela.
“Quando eu comecei a entender melhor o atletismo, ter mais consciência e focar mais nas competições, eu tinha três grandes sonhos. Primeiro, como a maioria dos atletas, tenho um grande sonho de ir às Olimpíadas. Outro era chegar a uma seleção brasileira, um Sul-Americano, um Pan-Americano Mundial, e olha eu aqui realizando! E como eu tenho um pai que é ex-atleta, sempre sonhei em dar orgulho a ele, como já citei!”, exclama feliz Rayssa.
Pai treinador
Isso com certeza é algo desafiador e muito difícil. Rayssa revela que as pessoas falam assim: “Ah! É muito legal ter o pai como técnico”! Mas ela confessa que não é tão fácil assim. Porque sempre terá a relação de pai e filha interferindo. O que é natural. “É um pouco difícil você desvincular essa relação nos treinos, por exemplo, porque ele não tem esse lado afetivo ali. Então a cobrança é maior. Não só dele pra mim, mas eu me cobro mais por ele ser meu pai e meu técnico. Ele também puxa mais minha orelha nos treinos e em casa [risos]. Então tem todo esse lado. É um pouco difícil, não é muito fácil, não [risos]”, revela a garota.