Se tem um colaborador do Tênis Clube de Presidente Prudente que carrega na arte da profissão o nome do clube, este é Paulo Cruz, professor de tênis! Ele chegou ao TCPP em janeiro de 1986. Ou seja, há 38 anos! “Eu que era professor na capital, no São Paulo Esporte Clube e no Hebraica, um clube judeu, joguei alguns torneios na cidade, Copa Itaú, e através destes recebi um convite para vir para o interior. Tinha Jacareí, Sorocaba e Prudente que acabei escolhendo por ser clube e por já conhecer algumas pessoas. O que facilitou a minha vinda. Cheguei ao clube na época do diretor, já falecido, o senhor Estevão Palley e o diretor de esportes doutor Roberto Lotfi”, lembra totalmente emocionado o professor, ex-tenista.
Em Prudente, Paulo acabou fincando raízes que estão intactas até hoje. “Vim para cá achando que ficaria por algum tempo. Tanto é que tinha um feriado prolongado eu já ia para São Paulo. Agora… Prudente é uma terra que aprendi a amar… amar as pessoas. O Tênis Clube, então, meu Deus! Tanto tempo que estou aqui. Várias diretorias, pessoas…”, diz Paulo.
Quando perguntado a Paulo se o clube lhe trouxe coisas boas, ele chora e soluça que: “Só coisas boas. Tudo que eu conquistei até hoje devo ao Tênis Clube. Fazer parte dessa história, desses 90 anos me enche de emoção, de alegria e uma gratidão enorme. Porque São Paulo é uma cidade muito boa. Cidade que você ganha dinheiro. Mas só que hoje eu não troco Prudente por nada. Não tem dinheiro que me faça voltar para lá. Eu tenho esse clube aqui que é a minha ‘primeira casa’!”, exclama com os olhos todo lacrimejados.
Ele exalta que praticamente viveu a vida inteira dentro desse clube. “Diariamente, quando piso nas escadas antes de adentrar o clube passa um filme em minha cabeça. Então, toda vez que desço as escadas, agradeço a Deus. Faço a mesma coisa todos os dias. Entro na portaria e digo: ‘obrigado, senhor’!”, expõe o professor.
AQUI É MEU ESCRITÓRIO
“Olho esse lugar e penso: ‘que ambiente’! Às vezes de manhã eu sempre bato uma foto e publico no Instagram, Facebook agradecendo: ‘Obrigado, Senhor. No meu escritório’. E o pessoal comenta: ‘que escritório, hein, Paulo?’ Minha quadra é coberta. Isso é maravilhoso!”, frisa.
Paulo diz que é muito difícil dizer quantos alunos já passaram por ele nessas quase quatro décadas de atuação no Tênis Clube. “Mas posso contar que dei aula para o avô, o filho e agora eu dou aula para o neto. São várias gerações. Eu me sinto muito orgulhoso quando encontro pessoas que já passaram por minhas aulas. Outro dia uma moça me ligou e disse que precisava matricular sua filha no tênis. Eu dei aula para o avô e pai dela. Não tem dinheiro que pague isso. Acho que já passei um pouco do meu conhecimento para metade de Prudente que joga tênis”, exalta o professor de promotores, médicos, advogados tenistas que já foram seus alunos.
MEMÓRIAS AFETIVAS
Ah, memórias afetivas vividas no Tênis Clube! Paulo diz que são incontáveis. “Porque a gente faz muito mais amigos e companheiros. A gente que vive o tênis é um esporte gratificante que nos leva longe!”, exclama ele.
Mas um fato que ficou marcado bastante é sobre o seu sobrinho, Gustavo Cruz, que hoje mora nos Estados Unidos.Paulo conta que a federação começa muito cedo, então o garoto começou muito pequenininho. Quando tinha a categoria de 9, 10 anos começou a viajar e jogar os torneios fora. “E para o incentivar, eu falei que cada torneio que ganhasse, o te daria cinquentão [50]. Naquela época, anos atrás, era um dinheiro bom. Pronto, ele ia jogar, no caminho, me ligava e quandoeu atendia ele cantava: ‘We Are the Champions’ [risos]. O ano em que fiz essa promessa ele ganhou os 17 torneios que jogou. Não tem como não marcar isso. E ver como ele está bem hoje…”, se alegra.
UMA FAMÍLIA DE TENISTAS
Além de Paulo, e do sobrinho, os irmãos Luiz Carlos e Gilmar Cruz que também deu aula no TCPP, e vivem do tênis. Ou seja, uma família que fez do tênis profissão e vive disso até hoje.
“Meu sobrinho, como eu disse é um dos destaques que ensinei, treinou no Tênis Clube, e hoje, já casado, está bem, graças a Deus. Dá aula de tênis. Vive do tênis nos Estados Unidos. De vários alunos, a Lilian e o Beto, filhos do Deodato da Silva, ex-diretor do jornal O Imparcial, também jogaram comigo. Ele próprio”, cita.
Paulo comenta que 90% dos professores de tênis começaram na profissão como pegador de bolinha, que hoje não existe mais. Ele e os irmãos tinham um tio que trabalhava no São Paulo Futebol Clube e começou a leva-los ao clube. “Começamos a pegar bolinha, ganhávamos um dinheirinho. E num futuro bem próximo acredito que a profissão de professor de Tênis vai acabar também. Porque quem faz Educação Física hoje, que estuda… Na faculdade se aprende vôlei, basquete, natação… Mas tênis, muito difícil. Se não sabe jogar, também não vai saber ensinar tênis. Eu até tenho visto alguns anúncios nas redes sociais de: ‘Precisa-se de professor de tênis’. Nunca tinha visto isso, mas…”, lamenta o professor que diz que que não está tendo reposição. Ele com os irmãos aprenderam pegando bolas. “Vai aprendendo a bater… E você começa a jogar torneios… Aí você vai fazendo os cursos para capacitação… Assim começou tudo. Como pegador de bola. Mas hoje é proibido porque criança [15, 16 anos] não pode trabalhar e para a gente que trabalha três turnos para ganhar razoavelmente, não tem como registrar”, menciona.
VESTE A CAMISA
Nestes 90 anos do clube, Paulo diz que quer agradecer muito a todas as diretorias por quais passou do início até hoje, com o Cremilson Julião Rodrigues, o Montanha. E dizer que lhes é muito grato por tudo… “Sou muito grato e visto a camisa do clube com muito orgulho! O que precisarem de mim, estou aqui para qualquer coisa. Nosso gerente executivo, o Fábio Renato Sales… tenho uma afinidade muito boa com ele. especial… E eternamente, ao senhor Palley e Roberto Lotfi que me acolheram tão que fiquei até hoje! Meu muito obrigado de coração a toda a família Tênis Clube!”, agradece visivelmente emocionado, Paulo Cruz, a lenda do tênis.
Fotos: AI do Tênis Clube de Presidente Prudente