Trabalhos de Luciano Costa tem como base a colagem de imagens retiradas de revistas e livros, além de reproduções em desenhos ou cópias; mostra ficará no espaço até o dia 28 de julho
A Galeria Takeo Sawada do TCPP (Tênis Clube de Presidente Prudente) está bonita ilustrando 16 peças de arte em colagem do artista natural de Martinópolis, Luciano Costa, 62 anos. Toda a base do trabalho ali exposto é a colagem feita a partir da reciclagem, a maioria retirada do lixo, de imagens de revistas, livros antigos que ele recorta ou reproduz e utiliza. Segundo ele, muitas vezes, quando encontra alguma folha, papel solto pelas ruas, usa o próprio, mas se o interesse é por uma imagem de um livro, revista qual não quer destruir, faz cópias. “A partir daí utilizo técnicas mistas com desenho, pintura. Eu misturo as técnicas num mesmo trabalho de colagem em papel cartão preto”, explica o autor das artes.
Questionado sobre o que a arte pode trazer de retorno para o espectador, Luciano diz que primeiramente, tudo que entra pelos olhos vai direto ao cérebro e não sai. Então, o mínimo de tempo que a pessoa fica em frente a uma obra, ela capta uma mensagem particularmente sua.
Observando as imagens, claramente nota-se os recortes feitos, o tipo de material. Mas ai cabem muitas perguntas enquanto se analisa: onde ele conseguiu aquela imagem? De onde recortou? Porque desenhou outras? Que tipo de material usou? Enfim…
Para Luciano, a leitura de uma obra é uma questão bem particular. Cada um que olha uma obra, uma peça de arte identifica coisas, faz uma interpretação a sua maneira. A reação quanto às cores, às formas e, principalmente, às figuras são singulares.
“Agradeço de coração ao Montanha [Cremilson Julião Rodrigues], presidente do clube, ao Fábio Renato Sales, e ao curador da galeria, Vadinho [Erivaldo Santos], pela oportunidade de expor num lugar tão bonito como é o Tênis Clube. Muito obrigado mesmo”, agradece o artista.
Preservação do Meio Ambiente
Ele costuma dizer que a obra não é do artista. Que têm a inspiração e quem usufrui é o espectador. Na exposição, a mensagem que ele passa é a de preservação do meio ambiente. Porque está mais claro do que nunca que acumulamos lixo demais no planeta. Luciano acentua que por satélites é possível ver as ilhas de plástico nos mares. O que é um absurdo. “Estamos nos matando. Matando a nossa civilização aos poucos. Então, acredito que contribuo com a intenção de dar mais sobrevivência a nós mesmos e a toda a vida que existe, o reino animal, vegetal, mineral. Porque isso tudo pode acabar a qualquer momento se não cuidarmos. A terra é um organismo vivo na qual passamos uma temporada grudados como se fosse num ‘no couro cabeludo’ desse organismo vivo. Vamos preservar, não vamos virar praga”, clama o artista que entende que só o fato de reverter o seu trabalho de uma vida inteira em função de utilização de material reciclado, descartado, já é uma mensagem enorme para as pessoas.
Trajetória
Luciano conta que começou a fazer esse tipo de trabalho de arte com colagem lá no ano de 1985. Seus grandes inspiradores foram Sérgio e Cirton Genaro. “Para mim, são os dois grandes artistas surrealistas do Brasil! Por volta dos 13 anos, iniciei aprendendo o surrealismo com meu mestre Sérgio Genaro. Nessa época já comecei a ler Sigmund Schlomo ‘Freud’ e Carl Gustav ‘Jung’ para poder entender de simbologia, de signos. Da forma, para compreender a arte surrealista. Para pintar o surrealismo, ser um artista surrealista”, pontua Luciano que ainda adentra a arte da fotografia, da atuação.
Com formação também em teatro, ele diz que já trabalhou em algumas obras cinematográficas, um curta-metragem, faz roteiros, direção, produção… “E a fotografia veio pelo fato de eu ter trabalhado como modelo muitos anos”, diz ele.
Luciano saiu de Martinópolis ainda adolescente para fazer o colégio em Prudente. Conta que fez faculdade de Arte e Comunicação em Bauru e nos últimos 49 anos que tem de profissão, a maior parte desse tempo ficou entre o Rio de Janeiro e São Paulo. “Mais Rio do que São Paulo. Voltei no pós-pandemia. Porque, a pandemia da Covid-19 foi um baque enorme para todos e para nós artistas nem se fala. Não se fala porque o consumo de arte ainda é tido como coisa supérflua no Brasil. Parte das pessoas não tem interesse porque não tem conhecimento. Faz parte da educação brasileira, entende? Não despertar o conhecimento pela arte”, lamenta o artista que veio embora após ser pego por uma crise de pânico.
SERVIÇO
Interessados em adquirir uma obra do artista Luciano Costa ou fazer aulas quais ocorrem em dois dias da semana, às terças e quintas, em seu ateliê, basta entrar em contato pelo número: (18) 99754-9523.
Fotos e texto: AI Tênis Clube / Oslaine Silva